quinta-feira, 17 de novembro de 2011

LANÇAMENTOS - 2011





Kalunga (poemas de um mar se fim.../poems of an infinite sea...)

"para cada agressão que nos fira
temos um ato de revolta que nos cura
para cada racista que delira
a bala
da nossa pele escura" (Pixaim X)

"à sombra do tempo
o guerreiro cede o seu corpo
crivado de demandas
mas não há cansaço em seu olhar
(...)
um abebé insone
banhando de luz nosso sonho e desespero" (Abdias, Abdias)


"...é por dentro
o barravento das palavras
indaka que não se cala
ingoma soando em mim...
eu, poeta, uma espécie de vodunsi
(olhos de Zambi) 
boca de tudo...nada vejo" (Kwe Zulu)


"aquele blues
tornava nossa peles mais azuis
retintas
fundidas no desejo
de dissolver-se no ar em melodias roucas
dissonantes" (Black Blue)


Data de lançamento: 28/11/11
Horário: 17h 
Local: Biblioteca Pública do Estado 


sábado, 30 de julho de 2011


Dançarina: Maria Zita Ferreira (GO)
Fotografia e painel: Paulo Caetano (GO)



         CANARINHAS DA VILA

o que pode a minha poesia contra isso:
três jovens assassinadas lado a lado?
o que pode a letra morta
da lei, da constituição
contra este costume brasileiro
de matar negros como moscas?
o que pode nossas vozes
ante os estampidos
que despedaçam crianças como nozes?
nossos cupidos sendo brancamente mortos
canarinhas da vila
abatidas pelos badogues de fogo
borboletas da paixão
com  o imenso ar
e a intensa vida pela frente
presas na fotografia do jornal
o fim...
mas eu não quero terminar aqui!
a juventude da minha palavra
descoberta
quer-se franca e copiosa como lágrimas
e certa
espada concreta do guerreiro-mor
varrendo a tragédia
para longe do lugar comum
quando abro esta manhã de sol e sábado
e a polícia me lava o rosto
com sangue negro juvenil
penso no genocídio da negra gente
(suicídio inconsciente do brasil...)
o mar malungo me enche os olhos
e o meu coração lança ondas soluçantes
à minha alma de rocha masculina
e ela se desfaz e salga meu caminho
e os homens-meninos da rua que criei
levemente me evitam
e eu choro criança sem parar
querendo todo mundo aqui
em torno de mim
da minha dor
eu digo não!
ergo meu poema como um não
outra vez
nesta vida de áfrica sequestrada
quando outros poderiam ser os versos
para falar de adolescentes semelhantes
àquela minha mesma namorada
preta, pretinha, carapinha
que me acompanha desde que nasci

sábado, 14 de maio de 2011